segunda-feira, maio 21, 2012

3 anos de Geocaching

Passados 3 anos, ficam muitos amigos, maluqueiras e locais de encher a alma. O número de caches é confortável, mas não é o mais importante.
Os números são bons até um certo limite...passando esse limite começa a ser um vício e uma praga. É algo que levado ao extremo só nos faz andar para trás. Não quero com isto dizer que não ligo a números. Assumo que também gosto de números, mas temos de ser comedidos. Gosto de fazer um bom FTF, mas aqui mantive-me sempre igual a mim mesmo e procurei sempre partilhar esse feito com alguém. Neste momento para mim apenas a forma descontraída com que se atingem números é que merece o meu aplauso e apoio. Números à pressa não conseguem ser bons números. Tenho a certeza que quem tem números apressados não disfrutou em pleno do que lhes era disponibilizado.
Parece-me que neste tema o Geocaching espelha bem os dias que correm. Anda tudo a correr, em competição desesperada para no final viver muito pouco.
No final do primeiro ano também estive no topo em alguns números, mas tive sempre a humildade de guardar esses feitos para mim. Até porque estava em primeiro sem o objetivo de colocar alguém para trás. O objectivo foi sempre superar-me a mim mesmo.
Dantes queria fazer tudo, ir a todos os locais. Nos últimos tempos apercebi-me que é completamente impossível e revejo-me nessa altura como um ingénuo sonhador. Hoje sinto que amadureci, cresci e avancei. Fico triste por ver que outros não evoluíram da mesma forma e estão cada vez mais agarrados aos números deles e de outros.
Se querem saber, não me importo que vejam e se interessem pelos meus números, porque apenas lhes dou o valor que eles merecem, que é pouco. Por estranho que pareça a alguns não foi por causa dos números que me tornei melhor ou pior Geocacher.
Relembro um diálogo que tive com um Geocacher no meu primeiro Evento. Para meter conversa perguntei-lhe quantas caches tinha. A resposta foi 400 e pouco. Ok… 400 caches para os dias de hoje não é nada, mas na altura fiquei surpreendido com este número. Envergonhado disse-lhe logo que devia ser o Geocacher com menos caches do evento… Ele respondeu que as minhas caches podiam valer mais que as dele. Que números, isso não interessava nada… A sua resposta foi muito sábia, mas só há bem pouco tempo é que a consegui interiorizar de forma consistente. Aproveito e deixo-lhe um abraço e o meu muito obrigado.
O tempo de me chatear com histórias, intrigas e posições sobre o Geocaching, já pertence ao passado. Hoje em dia aceito as mais variadas formas de estar e praticar Geocaching. O Geocaching é de todos, é um hobbie livre. Cada um de nós tem a sua liberdade própria, por isso só temos que aceitar as várias posturas. Sim, eu sei… como em qualquer grupo existem posturas algo duvidosas. Quando assim for diz-lhes o que pensas, procura a mudança, mas se esta não acontecer, não te chateies porque não é a tua credibilidade que fica em risco…
Brinca com essas situações e ri-te disso, porque rir é o melhor remédio.
Dá-te bem com todos, não escolhas nenhum dos lados da guerra. Da-lhes tempo, deixa-os crescer, porque um dia eles acabam por abrir os olhos e ver isto tudo de outra maneira.
Não te chateies se não forem às tuas caches e logarem online, quem sai a perder é apenas a pessoa que o faz… Vê a coisa pelo lado positivo, acabaste de poupar no papel…
Lembra-te que o Geocaching é um Hobbie e não uma corrida. Sendo um Hobbie não há qualquer tipo de prémio físico ou monetário. Conhecer novos locais, novas pessoas, conviver e conseguir esquecer os problemas do dia-a-dia é algo muito superior a qualquer prémio o seu valor é incalculável.
Eu vivo o Geocaching das mais variadas maneiras, uns dias apetece-me ser certinho, resolver mistérios, ir a todos os pontos das multis, visitar os melhores locais e as caches mais originais. Em outros dias apetece-me ir só a pontos finais e varrer tudo o que me aparece à frente. Consumo o que há de bom e de mau. São dias que qualquer caixa de beira estrada serve. Se calhar neste ponto ainda posso limar mais algumas arestas…
Para ser sincero nem sei em que dias é que me sinto mais preenchido. Depende muito dos locais, da companhia, do convívio e das experiências que obtive.
Dantes ao colocar caches preocupava-me com a originalidade. Hoje preocupo-me em apresentar um local diferente da habitual fonte ou capela. São caches um pouco mais duras, mas onde o contacto com a natureza é absoluto. Sinto-me a voltar um pouco as origens. Faço o meu trabalho de casa e arranco para a natureza completamente à descoberta. Deixo o simples tupperware para marcar a passagem e para partilhar o espaço com alguém. Tenho pena de não o poder fazer mais vezes…
Não deixo o caminho todo marcado, não vale a pena… deixo que outros geocachers vão à descoberta tal como eu fui.
Se me permitem deixo-vos a minha rápida opinião sobre os Powertrails. Estes cogumelos que agora estão muito na moda, funcionam como a maquilhagem. Disfarçam algumas imperfeiçoes e quando são levados ao extremo, funcionam como pintura de palhaço e só dão para rir. Se os faço… depende do dia e da disposição…Se sou contra… se eles existem não posso ser… e daqueles que fiz apenas um me encheu as medidas. Bem depois deste desabafo e reflexão sobre 3 anos de cache em cache, o antes e o depois, que acredito que não seja mal interpretado. Espero que os próximos anos me tragam novos saberes, novos locais e caches fabulosas. Que continue a encontrar pessoas fantásticas, com as quais partilhe experiencias e convívios inesquecíveis.